No dia em que se comemora o dia internacional da mulher, que nos lembra o muito que ainda há a fazer na procura de uma sociedade justa e igualitária, quer em oportunidades quer em condições de vida e trabalho, o SMZC recorda três médicas que, tendo em conta a época em que viveram e o que conquistaram para toda(o)s merecem ser lembradas.
A primeira, Elisa Augusta da Conceição Andrade, terá sido, de acordo com os registos existentes, a primeira mulher a exercer a profissão de médica em Portugal, em 1889. Os Arquivos da Escola Médico Cirúrgica de Lisboa, actualmente no Hospital de Santa Maria, permitem afirmar que tenha sido, indefectivelmente, a primeira lá inscrita, em Outubro de 1880, bem como identificar o ano de seu nascimento, em 1865.
Elisa Augusta estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, abrindo em 1889 o seu consultório médico-cirúrgico, especializado em senhoras e crianças.
Já Domitila Hormizinda Miranda de Carvalho, nascida em 10 de Abril de 1871, foi médica, professora, escritora e política, sendo a primeira mulher a frequentar a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Matemática, Filosofia e Medicina, e uma das primeiras três deputadas eleitas em Portugal ao integrar em 1934 a lista dos deputados escolhidos pela União Nacional para a I Legislatura da Assembleia Nacional.
Foi poetisa e sócia da Academia das Ciências de Lisboa.
Recordamos também Carolina Beatriz Ângelo, nascida em 16 de Abril de 1878, que foi uma médica e feminista portuguesa e que foi a primeira mulher a votar no país, por ocasião das eleições da Assembleia Constituinte, em 1911.
O facto de ser viúva e ter de sustentar a sua filha, Emília Barreto Ângelo, permitiu-lhe invocar em tribunal o direito de ser considerada «chefe de família», tornando-se assim a primeira mulher a votar no país, nas eleições constituintes, a 28 de Maio de 1911. Por forma a evitar que tal exemplo pudesse ser repetido, a lei foi alterada no ano seguinte, com a especificação de que apenas os chefes de família do sexo masculino poderiam votar.