O SMZC visitou as maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto do CHUC tendo-se deparado com um panorama a curto/ médio prazo assustador para os cuidados materno-infantis na região Centro pela persistente deficiência de recursos médicos e ausência de renovação do quadro médico para o qual já alertou em 2017 e 2019.
Não havia nessa altura contratações de novos médicos há mais de 10 anos. Entretanto houve 2 contratações em 2018 para a Obstetrícia e uma contratação para a Neonatalogia em 2019. Mas tal é claramente insuficiente pois o saldo continua negativo quando consideramos as saídas por reforma, no total 8.
Continuamos a deparar- nos com uma situação com necessidade de resolução emergente a curto prazo relacionado com escassez de recursos humanos médicos jovens. De facto mais de 50 % dos recursos humanos de ambas as maternidades tem mais de 60 anos com apenas 5 médicos de Obstetrícia em cada maternidade sem restrições para realizar urgência. O funcionamento da urgência de Obstetrícia e Neonatologia está pois sempre na “corda bamba” dependente de médicos de fora e da boa vontade de médicos mais velhos do quadro que têm prescindido do seu direito de dispensa de serviço de urgência com grande custo pessoal e familiar sendo evidente o desgaste e sobrecarga de trabalho para os profissionais existentes. O que se passa em Neonatalogia é sobreponível com um quadro de 11 médicos em cada maternidade com apenas 5 médicos na Daniel de Matos e 4 na Bissaya Barreto sem restrições para realização de urgência que funciona 24h 7 dias por semana.
O quadro médico da obstetrícia da MBB (que conta com 17 obstetras) continua a necessitar de renovação pois desde 2018 já se reformaram 2 médicos com 1 a aguardar reforma este ano e na Daniel de Matos (que conta com 24 obstetras) dois médicos se reformaram e 3 atingem este ano a idade mínima de reforma. Na Neonatalogia da Bissaya Barreto 1 médico está a aguardar reforma e 2 atingem a idade mínima de reforma nos próximos 2 anos.
A acrescentar a isto não podemos esquecer de adicionar as ausências por licença de maternidade por outras causas.
Também a realização de ecografias às gravidas seguidas nos Cuidados Primários foram afectadas pela escassez de recursos tendo deixado ambas as maternidades de realizar a ecografia do 3º trimestre. É inaceitável que um protocolo único e que garante qualidade máxima no Cuidado materno-fetal esteja a ser afectado pela falta de renovação dos quadros médicos.
Ambas as maternidades em conjunto realizam cerca de 5000 partos por ano sendo relativamente equitativo o número em cada uma com actividades importantíssimas de ambulatório relacionada com o seguimento das grávidas da região Centro. A perspectiva de um novo edifício para juntar ambas as maternidades nada altera a necessidade urgente de reforçar todos os anos as actuais maternidade com quadros médicos jovens (o que não tem acontecido) de forma a manter a qualidade dos cuidados prestados às grávidas e puérperas da região centro.